terça-feira, 6 de julho de 2010

Colisão

Dentro de um carro em movimento que segue para o norte sem previsão de parada. Meus olhos notam cada carro com uma visceral descrição de seus ocupantes, e em uma dessas descrições esta ela. O carro já veio e voltou em uma brincadeira decepcionante de quem toma a ponta da fila. Ela tem os olhos castanhos e sempre notamo-nos quando passamos, como uma bala disparada, um pelo outro. Ela tem nome, todos têm, o dela estava em uma folha pautada colada no vidro do carro, escondendo um sorriso bobo, quase infantil, e deixando a mostra as pontas roídas dos dedos contrastando com o cantinho da folha branca. Eu fiz o mesmo. Peguei meu caderno verde, risquei meu nome, esperei um sinal de que ultrapassaríamos o veiculo em que ela estava e colei meu nome no vidro. Depois disso um diálogo extremamente demorado...
“Fulana”
“Fulano”
“Gosto de você”
“Gosto dos seus olhos”
“Posso te encontrar?”
“Pode, mas como?”
“Não faço idéia”
“Pra onde vai?”
“Norte”
“Eu também”
“E se for nossa única conversa?”
“Ai mesmo assim te amei”
“Amei você também Fulano”
“Tchau Fulana...”

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