Correu sôfrego ao pote. Esperava ouro, achou bronze. Esbravejou os quatro cantos do mundo. Esmurrou uma parede. Chorou sobre o pote de bronze. Sentiu a garganta arranhada e o calor do sangue entre os dedos. Falou com seu deus. Suplicou. Dizia nas rezas que tivera a pior das caminhadas. Tivera a solidão e os espasmos noturnos. Tivera medo entre as árvores secas. Tivera de chorar por moças mortas deixadas nas estradas e se esconder dos cavaleiros nômades de desejos egoístas. Agora se via parado sobre seu pote de bronze, com a corcunda arranhada pelo teto baixo da caverna. As calças se viam remendando os remendos. Os pés doíam e choravam com dores agudas nas solas gastas. A garganta coçando pelos gritos impulsivos ao mesmo tempo em que clamando por água. Os braços que abraçavam o pote tinham o tom vermelho do sangue que escorria das feridas recém abertas no punho. Caminhou sete dias sem parar em busca do ouro. Agora abraçava bronze e percebia que não valeria nada voltar todo o caminho de horrores. Decidiu ficar onde estava, salgando o bronze com suas lágrimas na esperança de que lhe surgisse ouro.
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