sábado, 22 de maio de 2010

Simetria assassina

Não há medo no homem de chapéu
Ele fecha a porta
As malas dadas
Feitas com simetria
Roupas dobradas geometricamente

Um aviso no portão diz que a culpa não vale
Um corpo na cozinha
A comida esfriando
O radio ligado
Um jogo que passa e não é narrado

Os passos até a parada, do coletivo rumo ao fim
Ônibus amarelo
Sem esperança ou dinheiro
Cobrador rabugento
E está preso, diferentemente do novo passageiro

As pessoas amontoam e se sentem coladas
União inesperada
Ruim e desagradável aproximação
Todos os zumbis da rotina
Trotando em coletividade rumo à repetição

A vida do homem de chapéu mudou por completo
Deixou as coisas
Fogão ligado e mulher no chão
Em cada curva, onde a massa se movimenta unida
O homem pensa nas gotas de sangue que lhe sobraram na unha

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